quarta-feira, 11 de julho de 2012

XV DOMINGO DO TEMPO COMUM.

MENSAGEM DO FREI EDILSON ROCHA, PÁROCO SANTO ANTONIO DE LISBOA.

    Ele nos fez conhecer o mistério de sua vontade, o desígnio benevolente que de antemão determinou em si mesmo, para levar à plenitude o tempo estabelecido e recapitular, em Cristo, o universo inteiro: tudo o que está nos céus e tudo o que está sobre a terra (Efésios 3, 9-10).

   Neste domingo, a Palavra de Deus continua a tratar do tema da profecia. O profeta incomoda quem está instalado, sendo favorecido pelo poder, mesmo o poder que se funda sobre o culto dos ídolos e na infidelidade ao Projeto de Deus. É o caso do sacerdote Amasias, que expulsa o profeta Amós para longe, para profetizar em outro lugar. Os sacerdotes frequentemente se desentendem com os profetas. Mas o profeta é teimoso e se sente impelido a profetizar para o seu povo de Israel. O Salmo responsorial nos dá uma ideia do conteúdo da profecia, que tanto incomoda o sacerdote Amasias, instalado em seus santuários idolátricos de Betel: “A verdade e o amor se encontrarão, a justiça e a paz se abraçarão; da terra brotará a fidelidade e a justiça olhará dos altos céus” (Salmo 84). A idolatria substitui os valores do Reino de Deus por ambições e vícios que produzem muitos males, como os conflitos, intrigas e guerras que minam a unidade e a paz; as injustiças e a opressão, que sufocam e matam as pessoas, sobretudo as mais frágeis e fracas, deixando-as num estado de indigência espiritual, de prostração e de enfermidades as mais diversas. A pior miséria e a pior enfermidade é a indigência espiritual. Neste sentido, o refrão do salmo responsorial expressa o clamor de todos os tempos, de quem anseia pela manifestação da salvação que vem de Deus e que significa a libertação integral das pessoas de todo tipo de mal, fruto do pecado e da idolatria: Mostrai-nos, ó Senhor, vossa bondade e a vossa salvação nos concedei!

   A segunda leitura, da Carta de Paulo aos Efésios, é uma espécie de hino cristológico, uma espécie de “Bendito”, que louva a Deus por ter realizado a redenção através de seu Filho Bem-Amado, Jesus Cristo, no qual todos nos tornamos filhos e filhas adotivos e podemos participar plenamente da herança que vem com a realização do projeto de Deus em Jesus Cristo. Na plenitude dos tempos, Deus quis recapitular todas as coisas (toda a realidade cósmica), transformando e renovando tudo, colocando o Cristo como Cabeça de tudo. Este é o sentido de re-capitular tudo em Cristo. A manifestação do Espírito Santo é a prova desta redenção recapituladora de tudo.

   No Evangelho de hoje podemos ver várias coisas interessantes para a nossa reflexão: Jesus envia os Doze de dois em dois, para indicar que a missão se realiza sempre em comunidade. Não existe missionário nem cristão sozinho, desvinculado de comunidade. Os missionários devem ir livres, leves, pobres, sem pesos que dificultem sua itinerância e sua caminhada. Devem confiar-se totalmente à Providência de Deus e às pessoas generosas que acolherão o anúncio da Boa Nova. A missão profética e o anúncio do Evangelho não é para beneficiar alguns espertalhões, como pensava o sacerdote Amasias ou muitos falsos profetas de nossos tempos. Por isso Jesus os envia, como ele mesmo fazia, sem levar nada pelo caminho: nem dinheiro, nem duas mudas de roupa, só de sandálias e um cajado para se defender das feras do caminho. Deu-lhes poder sobre os espíritos impuros (imundos). Contemplando os bens cantados no salmo responsorial, poderemos ver o contrário do que são os espíritos imundos: paz, temor de Deus, justiça, fidelidade, tudo o que é bom. À luz do salmo, entenderemos de quais demônios e de que doenças nos diz o Evangelho que os missionários deveriam libertar. Sacudir a poeira dos pés na saída de lugares que não acolheram a Boa Nova significa deixar para trás todos aqueles males que o Reino de Deus deve superar, na transformação de toda a realidade, pessoas e estruturas. A missão visa a conversão, restabelecendo a saúde espiritual; a missão visa também o restabelecimento da saúde integral da pessoa, cuidando do ser humano todo. Um desafio que não é certamente fácil de realizar.

Frei Edilson Rocha, OFM





Nenhum comentário:

Postar um comentário