terça-feira, 31 de julho de 2012

Caminhando com a Igreja: A ação divina que purifica

Rezando de manhã, entre os salmos e cânticos, numa recitação de Laudes, um cântico de Ezequiel, deparei-me com um texto muito conhecido, mas que me chamou a atenção sobre uma particularidade: o texto, mesmo inicial, é uma resposta divina de algo que Ele promete fazer. Vou transcrevê-lo em parte: “Haverei de derramar sobre vós uma água pura, e de vossas imundícies sereis purificados. (...) Dar-vos-ei um novo espírito e um novo coração; tirarei do vosso peito esse coração de pedra, no lugar colocarei novo coração de carne”. Palavras muito conhecidas, para mim começaram a ter um novo sentido de ação.
No Brasil esse cântico se tornou mais cantado depois que foi muito bem musicado e é cantado especialmente na Quaresma. O povo, em geral, gosta bastante de cantá-lo.
No entanto, o que me chamou mais a atenção, - o que não tinha acontecido ainda, - foi a afirmação do sagrado hagiógrafo de que a purificação, como muitas outras ações citadas na Bíblia, não foi só um esforço de quen recebeu esse favor, mas foi ação do próprio Deus. Houve uma purificação pessoal de quem rezou pela primeira vez essa oração.
  Um dos elementos que muitas vezes aparecem na Bíblia como purificador é precisamente a água, inclusive depois usada por Jesus para instituir o sacramento do Batismo. Com a força divina, a pureza da água pode servir para tornar pura a imundície ou mesmo o pecado que mancha a criatura arrependida. Igualmente o Senhor promete dar inclusive um coração novo a quem o tem petrificado. Aqui se trata do coração da alma, mais íntimo ao possuidor dele do que o coração corporal.

É aquele coração que influencia a consciência da pessoa para sempre fazer o bem. No entanto, isso não
acontece quando esse mesmo coração até certo ponto se parece com uma pedra. Infelizmente muitas vezes podemos conhecer alguém que tem um coração muito arredio ao amor e que até se gaba de não aceitar um ou mais irmãos, porque circunstâncias da vida endureceram-lhe o coração.
O novo espírito, que Deus promete dar-nos, pode ser também a participação na nossa vida do próprio Espírito Santo, o melhor e maior companheiro que podemos ter para que a nossa vivência seja realmente santa e cresça sempre mais nessa santidade. A Graça já é essa participação, mas podemos tê-la, se quisermos, mais atuante em nossa vida. O Espírito de Deus, se conservado e procurado como a maior ajuda divina que Deus nos oferece e que Jesus Cristo confirmou, pode fazer de fato da nossa vida uma vivência santa e santificadora. Foi o que aconteceu com todos os santos que estão no céu.
O cântico ainda, referindo-se a esse último dom, diz expressamente mais uma ação de Deus: “Haverei de derramar meu Espírito em vós, e farei que caminheis obedecendo a meus santos preceitos e mandamentos, que observeis e guardeis a minha Lei.” Esta reflexão servirá muito bem para uma oração que possamos fazer, rezando a Bíblia, a santa Palavra de Deus. Nada melhor, em nossa espiritualidade, do que sabermos aproveitar os ensinos que se nos apresentam para crescer na oração e fazermos da nossa vida uma contínua união, para a qual o Senhor sempre espera por nós, na eternidade.




Mons. Aderson Neder,
SACERDOTE DIOCESANO E ESCRITOR




Um menino, cinco pães e dois peixes



A Igreja reza pedindo que Deus redobre, “multiplique” Seu amor para conosco, a fim de que, conduzidos por Ele, usemos de tal modo os bens que passam, podendo abraçar os que não passam. A administração dos bens sempre foi um desafio para a humanidade, tanto que os sistemas econômicos, a partir de visões diferentes, alternam-se ou se complementam numa busca incansável das respostas adequadas às necessidades humanas. No Evangelho, Jesus se ocupa, em Seus ensinamentos, parábolas ou milagres, do tema dos bens a serem cuidados pela humanidade.

O fato da multiplicação de pães e peixes, milagre realizado por Jesus e narrado pelos quatro evangelistas, é carregado de ensinamentos, fonte inesgotável para a vida cristã em todos os tempos. São João no-lo descreve com grande riqueza de detalhes (Jo 6,1-15), reportando, no mesmo capítulo em que o descreve como um dos “sinais”, o discurso a respeito do Pão da Vida, no qual o Senhor confronta Seus próprios discípulos com a escolha decisiva que também orientará a vida de todos os homens e mulheres que viessem a acolher a Boa Notícia do Evangelho no correr dos séculos. De forma muito clara, abre ainda as mentes e os corações para o milagre cotidiano, com o qual o Senhor se faz presente na Eucaristia.

Dentre tantas riquezas da multiplicação de pães, podemos voltar os olhos para aquele menino que ofereceu a “contrapartida” para que o Senhor realizasse o milagre. As crianças nem eram contadas, tanto que o número de cinco mil homens pode ser multiplicado, pelas mulheres e crianças certamente presentes ao episódio da multiplicação. Jesus acolhe quem nem mesmo vale para a sociedade de seu tempo, recolhe o pouco que pode ser oferecido e multiplica. Desde cedo, o Cristianismo aprendeu com o seu Senhor e Mestre a verdade da partilha, ponto de partida para a intervenção da graça que, efetivamente, multiplica o que se pode oferecer, do menor ao maior, para chegar a todos que podem entrar, cada dia numa igreja, ter os olhos voltados para o altar e ali aprenderem a lição perene da multiplicação.



Muitas vezes, cantamos “sabes, Senhor, o que temos é tão pouco para dar, mas este pouco nós queremos com os irmãos compartilhar”. As desculpas são muitas, pois um não possui nem mesmo moedas, outro não tem ideias, aquele não tem coragem e a muitos falta a criatividade ou a iniciativa. O apelo suscitado pelo Evangelho é a uma mudança que se pode chamar “cultural”. A cultura cristã tem a marca do “dar” e do “receber”, capacidade de oferecer o que se tem de melhor, mesmo que sejam os pães e os peixes do menino, as duas moedas da viúva pobre, o óleo perfumado da mulher pecadora ou a vida daqueles doze homens chamados por Jesus para começar tudo. Lições de Economia, Administração, Matemática! Voltemos à velha “tabuada”.

Tabuada de um! Para Deus vale o que você tem. Uma é a vida a ser oferecida. A chance que lhe é oferecida é irrepetível. Você pode gastá-la para ser feliz, olhando para o Senhor que só sabe amar e se oferecer neste amor infinito.

Houve um homem, bem conhecido meu, aliás - meu pai -, discreto e silencioso, tímido, mas do qual soubemos, após sua morte, ter dado bolsas de estudo a muitas pessoas pobres. O que fez com a mão direita, nem a esquerda soube, mas Deus fez aparecer os testemunhos quando já tinha sido chamado para junto d'Ele.

Tabuada de dois! Olhe ao seu redor, pois é sempre possível compartilhar e, ao mesmo tempo, receber muito dos outros. Pertinho de você existem pessoas amigas, há ouvidos abertos para escutar e gente que espera uma palavra que pode ser a sua. Comece o diálogo com a pessoa que se assenta ao seu lado num transporte coletivo, ou com quem está perto de você numa das muitas filas a serem enfrentadas. Oferta, escuta, gestos, atenção, bens materiais. Saiba receber com humildade e simplicidade. Vale a pena lembrar que bastam dois reunidos em nome de Jesus, que se amem mutuamente, para que Ele esteja presente.

Tabuada de cinco! Os dons de Deus são irrevogáveis e infinitamente desproporcionais às nossas capacidades e, eventualmente, pequenas ofertas. Basta verificar a quantidade de obras sociais nascidas do Evangelho no coração da Igreja para ver o quanto os meios pobres, mas bem administrados, são orvalhados pela graça. Quantos são os filhos sem nome ou sem genitores conhecidos que foram acolhidos! E a presença no campo da educação! Escute o que têm a dizer as muitas iniciativas de caridade. Conheça o que faz a Cáritas Arquidiocesana de Belém (PA), abra seus olhos para ver que nossa pobreza se faz riqueza, para que o que tem muito não tenha sobra e o que tem pouco não tenha falta. Onde houver um cristão de verdade, esteja presente o milagre da multiplicação! Um, dois, cinco, mil. Uma contabilidade nova! As contas de Deus serão sempre maiores, porque são do tamanho da eternidade.



Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém - PA


quarta-feira, 25 de julho de 2012




XVII DOMINGO DO TEMPO COMUM

29/07/2012



O pouco com Deus é muito; o muito sem Deus é nada.

            O ditado popular acima tem muito a ver com o tema central da reflexão bíblica deste domingo.  Vinte pães de cevada partilhados dão para alimentar cem pessoas e ainda sobra (primeira leitura).  A partir da doação de cinco pães de cevada e dois peixes, Jesus alimenta uma multidão de milhares de pessoas (Evangelho).  A lição é clara: o pouco partilhado com generosidade e fé se multiplica, tornando-se suficiente para muitos e ainda sobra.  A generosidade faz acontecer o milagre da solidariedade e da partilha. Nos dois casos relatados nas leituras bíblicas, para acontecer o sinal foi preciso que o homem doasse os vinte pães para o profeta Eliseu e o garoto do Evangelho aceitasse doar o seu lanche para Jesus iniciar a partilha para a multidão faminta.  

            Jesus enfrentou a tentação, desde o início de sua missão, de resolver a situação da fome com um passe de mágica: transformar pedras em pão. Ele não cedeu à tentação, afirmando que não é só de pão que vive o ser humano, mas de toda Palavra que sai da boca de Deus (Mateus 4,3-4). Considero importante lembrar esta passagem para entendermos bem o sentido do sinal dos pães, conforme o relato de João, mas também dos outros evangelhos, pois este é um dos poucos milagres de Jesus que foi transmitido por todos os Evangelhos. Este fato também atesta a importância deste sinal e seu sentido para todas as tradições cristãs dos primeiros tempos. 

            Certamente, a importância do relato tem a ver com a ceia Eucarística, pois Jesus faz aqueles gestos rituais que caracterizam a Ceia: tomou os pães, deu graças e distribuiu-os. Fez o mesmo com os peixes (João 6, 11). O Capítulo sexto de João é quase todo dedicado a um discurso sobre o Pão da Vida, o que reforça ainda mais esta afirmação do caráter eucarístico da multiplicação ou sinal dos pães. Além disso, os outros relatos do mesmo fato nos evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas trazem também o gesto de tomar os pães, abençoá-los e distribuí-los.  São gestos eucarísticos.

            Embora seja um dos relatos mais conhecidos dos evangelhos, vale ressaltar um elemento que talvez possa parecer estranho: embora nós sempre nos refiramos ao milagre da “multiplicação dos pães”, em nenhum dos quatro relatos usa-se o verbo “multiplicar”! Usam-se outros termos nos quatro evangelhos: “tomar”, “abençoar”, “distribuir”,  partilhar! Não é o caso de discutir aqui o que foi que Jesus fez! Nem teríamos condições de descobrir. Certamente não foi uma mágica. O enfoque é outro. Se os evangelistas tivessem colocado a ênfase sobre o “multiplicar”, ou seja, sobre o estritamente milagroso ou mágico, então a história não teria grandes consequências para nós hoje, pois nós não temos o poder de fazer mágicas milagrosas! Mas, colocando a ênfase sobre o “partilhar” e o “distribuir”, a Palavra de Deus nos desafia hoje! Pois, partilhar e distribuir estão ao nosso alcance!

            Se vivermos a nossa vocação cristã, caminhando como irmãos, com humildade e mansidão, apoiando-nos reciprocamente no amor; se buscarmos a unidade e a paz, construindo comunhão, vivermos animados na mesma fé, experimentaremos a ação de Deus em nós, permanecendo conosco e agindo por meio de nós.  É o que nos assegura a exortação do Apóstolo Paulo, na segunda leitura, levando-nos a pensar também no tema da partilha e da Eucaristia.

            Podemos concluir nossa reflexão, provocados pela Palavra de Deus, nos perguntando sobre as consequências da nossa participação da Eucaristia em nossas vidas.  Quais os frutos que a Eucaristia produz em mim?  O que tenho para partilhar com Cristo e com os irmãos?  O pouco que tenho pode se transformar em muito quando eu o colocar a serviço da comunidade.

Frei Edilson Rocha

quinta-feira, 19 de julho de 2012


MANTIDA LIMINAR EM AÇÃO DA OAB CONTRA CAPTAÇÃO INDEVIDA DE CLIENTELA.



Brasília e Florianópolis - O Desembargador federal Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz negou seguimento ao recurso apresentado pela ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS APOSENTADOS E PENSIONISTAS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL (ANAPREVIS) contra a decisão que antecipou os efeitos da tutela na ação ajuizada pela Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Santa Catarina para questionar a prática irregular de atos privativos de advogado.


Com a decisão de hoje, fica mantida a decisão anterior do juiz federal Moser Vhoss, proferida em 21 de junho deste ano e que acolheu o pedido formulado da OAB-SC.


Nesta decisão, o juiz Vhoss determinou que a Associação abstenha-se de efetuar, por meio de seus agentes, atos privativos de advogado, notadamente os de assessoria, consultoria, assistência jurídica e postulação judicial, emissão de procurações e substabelecimentos contemplando poderes para o ajuizamento de ações judiciais em favor de terceiros, e emissão de contratos de honorários relacionados a estas mesmas ações antes mencionadas.


“O Tribunal reconheceu que os atos praticados pela associação ré são privativos de advogados, não podendo ser realizados por entidades ou pessoas que não sejam inscritas na OAB”, afirmou o presidente da OAB-SC, Paulo de Borba.


Confira a íntegra da decisão que negou o recurso:


"Trata-se de agravo de instrumento interposto em face de decisão interlocutória que deferiu a liminar nos seguintes termos, in verbis:


Ante o exposto, acolho o pedido formulado na inicial para, em antecipação da tutela jurisdicional invocada, determinar que a parte requerida, considerando as razões expostas na fundamentação da presente decisão, (a) promova, em 5 dias contados da intimação da presente decisão, a adequação do conteúdo divulgado em seu site, abstendo-se de através dele divulgar pareceres de natureza jurídica e fazer propaganda alusiva à possibilidade de que seja procurada para de algum modo viabilizar ou intermediar o ajuizamento de ações judiciais por terceiros; (b) abstenha-se de efetuar, de imediato após a intimação da presente decisão, através de seus agentes, visitação e envio de material publicitário a quaisquer cidadãos, se o contato com estes estabelecido tem relação com a obtenção ou fornecimento de informações relativas a pedidos perante o Poder Judiciário que eventualmente já foram ou serão formulados em favor dos mesmos, ou se tem relação com o fornecimento a eles de consulta ou assessoria jurídica sobre determinada situação; e (c) abstenha-se de efetuar, de imediato após a intimação da presente decisão, através de seus agentes, atos privativos de advogado, notadamente os de assessoria, consultoria, assistência jurídica e postulação judicial, emissão de procurações e substabelecimentos contemplando poderes para o ajuizamento de ações judiciais em favor de terceiros, e emissão de contratos de honorários relacionados a estas mesmas ações antes mencionadas.


Eventual descumprimento da determinação ora exarada poderá ensejar fixação de multa, sem prejuízo da imposição de outras sanções, inclusive na esfera penal.


Nas razões recursais, sustenta, preliminarmente, a incompetência da Justiça Federal para o julgamento do feito.


No mérito, afirma que a sua intervenção jamais foi técnica, mas meramente administrativa, razão pela qual não teria ocorrido usurpação de atividades privativas de advogado.


Aduz que a atividade de consultoria que presta não é ilegal.


Refere que as procurações que constam nos autos nunca foram utilizadas. Alega a ausência dos requisitos para a concessão da antecipação da tutela.


DECIDO.


Preliminarmente, a competência da Justiça Federal para julgar a demanda é patente, conforme o seguinte precedente, in verbis:


ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. INTERESSE DA OAB. COMPETÊNCIA. JUSTIÇA FEDERAL. A OAB é uma autarquia sui generis, que presta o serviço público de fiscalizar a profissão de advogado, função esta essencial à administração da Justiça - conforme o art. 133 da Constituição Federal - e típica da Administração Pública. Assim, é da competência da Justiça Federal julgar ações do interesse ativo ou passivo desta.

(TRF4, AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 2009.04.00.017547-2, 3ª Turma, Juiz Federal JOÃO PEDRO GEBRAN NETO, POR UNANIMIDADE, D.E. 15/10/2009)


De resto, tenho que deve ser mantida a antecipação dos efeitos da tutela, em virtude da presença dos seus requisitos legais.


Inicialmente, em sede de cognição sumária, penso estar caracterizado o fumus boni iuris.


Conforme a prova documental já produzida, as atividades desenvolvidas pela associação agravante efetivamente se caracterizam como exercício irregular da advocacia.



Isso porque foram apresentadas declarações no sentido de que os representantes da ANAPREVIS procuravam segurados para convencê-los a propor demandas judiciais, com a assinatura de procuração conferindo poderes à entidade, sem indicação de qual profissional da advocacia que efetivamente iria ajuizar a ação.


Nesse sentido, a alegação de que as procurações judiciais conferidas à ré nunca foram utilizadas não encontra amparo nos autos.


Conforme decisão proferida pelo MM. Juiz Federal Adamastor Nicolau Turnes nos autos do processo n° 2008.72.55.005327-4, a parte efetivamente outorgou procuração à ANAPREVIS, o que embasou a determinação de que a parte regularizasse a sua representação, além de que se oficiasse a OAB.


Consta, ademais, cópia de tal procuração, e não apenas do modelo, pela qual a demandante em tal litígio confere poderes à ré, com a fixação de honorários de 20% sobre os valores atrasados.


De mais a mais, o material publicitário da ANAPREVIS parece retratar a prestação de serviços de advocacia, tendo em vista que solicita, no caso de interesse, que a parte traga todos os documentos necessários para o ingresso da ação, o que demonstra que não se trata de mera consultoria ou aconselhamento, como alega.


Ainda, o folheto menciona expressamente a possibilidade do ajuizamento da ação, conforme se observa do seguinte trecho, in verbis:


“Para maiores informações ou ingressar com a ação judicial, procure nosso escritório no endereço abaixo munido de seu CPF, Carteira de Identidade, comprovante de residência (talão de água, luz, telefone, etc.), carta de aposentadoria ou outro documento contendo número de seu benefício previdenciário.


Outrossim, informamos que para ingressar com a demanda judicial não haverá despesas processuais (CUSTO ZERO), mas tão somente os honorários do profissional que patrocinar a causa com pagamento ao final do processo, caso a demanda judicial seja favorável.


Procure logo a ANAPREVIS, pois existe um prazo para ingressar com a ação”. (Evento 1, Outros 12)


Assim, tenho que, diante das provas já apresentadas, há indícios da prestação de assessoria jurídica por parte da ré, ofendendo os seguintes dispositivos do Estatuto da OAB, já citados na decisão agravada, in verbis:


Art. 1º São atividades privativas de advocacia:


I - a postulação a qualquer órgão do Poder Judiciário e aos juizados especiais;


II - as atividades de consultoria, assessoria e direção jurídicas.


(...).


§ 3º É vedada a divulgação de advocacia em conjunto com outra atividade.


(...).


Art. 3º O exercício da atividade de advocacia no território brasileiro e a denominação de advogado são privativos dos inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB),


(...).


Art. 15. Os advogados podem reunir-se em sociedade civil de prestação de serviço de advocacia, na forma disciplinada nesta lei e no regulamento geral.


(...).


§ 2º Aplica-se à sociedade de advogados o Código de Ética e Disciplina, no que couber.


(...).


Art. 34. Constitui infração disciplinar:


I - exercer a profissão, quando impedido de fazê-lo, ou facilitar, por qualquer meio, o seu exercício aos não inscritos, proibidos ou impedidos;


II - manter sociedade profissional fora das normas e preceitos estabelecidos nesta lei;


III - valer-se de agenciador de causas, mediante participação nos honorários a receber;


IV - angariar ou captar causas, com ou sem a intervenção de terceiros;


(...).

O periculum in mora também está presente, tendo em vista que, acaso fosse indeferida a liminar, a ré permaneceria praticando a ilegalidade impugnada, com potencial lesivo não apenas aos princípios da advocacia, mas também aos segurados que viesse a atender até o julgamento final da demanda.


Cito, por oportuno, recente precedente desta Eg. Terceira Turma, in verbis:


APELAÇÃO CÍVEL. OAB. EMPRESA DE CONSULTORIA. PRÁTICA DE ATOS INERENTES À ADVOCACIA. 1. O Estatuto da Advocacia (Lei n. 8.906/94), estabelece que são privativas da advocacia 'as atividades de consultoria, assessoria e direção jurídicas' (art. 1º, II), bem como veda a divulgação de advocacia em conjunto com outra atividade (§3º). 2. Apesar da apelante sustentar que apenas pratica requerimentos e diligências no âmbito administrativo, há, na verdade, uma vinculação com a prática de atos privativos da advocacia. (TRF4, Apelação Cível Nº 5001593-75.2011.404.7200, 3a. Turma, Des. Federal MARIA LÚCIA LUZ LEIRIA, POR UNANIMIDADE, JUNTADO AOS AUTOS EM 16/09/2011)


Por esses motivos, nego seguimento ao agravo de instrumento, com fulcro no art. 557 do CPC e art. 37, § 2º, II, do Regimento Interno da Corte.


Publique-se. Intimem-se.


Porto Alegre, 05 de julho de 2012”.


(Com informações da Assessoria de Comunicação da OAB/SC)

XVI DOMINGO DO TEMPO COMUM

22/07/2012
AO DESEMBARCAR, JESUS VIU UMA NUMEROSA MULTIDÃO E TEVE COMPAIXÃO,

PORQUE ERAM COMO OVELHAS SEM PASTOR. (MARCOS 6, 34).

            Os apóstolos reúnem-se a Jesus depois de terem realizado a missão (Evangelho do domingo passado). Contam-Lhe tudo o que fizeram e ensinaram. Chegam fatigados da caminhada missionária.  Por isso, Jesus os convida para irem a um lugar deserto para descansar. Mas este retiro do Mestre com seus discípulos não se prolonga muito, pois muita gente vem ao seu encalço, correndo a pé, como conta o evangelho de hoje. Podemos nos perguntar as razões desta corrida ao encontro de Jesus. O que as pessoas viam n’Ele? O que procuravam? São questões que podem nos levar a uma contemplação da Palavra de Deus encarnada em Jesus Cristo.  O Evangelho nos diz que Jesus tinha compaixão porque as multidões pareciam ovelhas sem pastor. Andavam dispersas, sem rumo e sem norte, como se diz hoje.  Jesus ensinava-lhes muitas coisas boas. A Palavra de Jesus era um alimento que saciava a sede e a fome das pessoas e confortava-as espiritualmente.  Quem se encontrava com Jesus, olhava nos seus olhos, ouvia sua voz, se não tivesse um coração empedernido, deixava-se cativar por sua bondade irresistível, apaixonava-se por sua compaixão e se deixava transformar em nova criatura.  Temos vários exemplos disso nos Evangelhos.

            O que as multidões desorientadas buscavam em Jesus? A segunda leitura de hoje nos traz respostas para esta pergunta. Jesus acolhe a todas as pessoas com bondade, com o amor verdadeiro de Deus, pois Ele é a encarnação do Amor de Deus pela humanidade.  Por sua cruz  e por seu sangue doado por amor Ele reaproxima as pessoas. Ele reconcilia, reúne os dispersos, restabelece a unidade e a paz. Ele é a nossa paz. Por sua cruz Ele derrubou barreiras, muros e fronteiras, destruiu inimizades, trouxe a verdade que liberta. Em sua pessoa concentrou-se todo o bem que fez d’Ele a ponte de ligação que dá acesso a Deus-Pai.  Quem poderia resistir ao Seu bondoso olhar, às Suas palavras verdadeiras, à Sua compaixão que continua se irradiando e redimindo, abraçando a todos com infinita bondade?  Quem conhecer Jesus de verdade, fizer a experiência do encontro pessoal com Ele, deixar-se tocar por suas palavras e por seu olhar amoroso, descobrirá o que significa  Salvação e nunca mais deixará de segui-Lo. 

            A reflexão bíblica deste domingo nos lembra do Domingo do Bom Pastor, que celebramos durante o tempo pascal.  Jesus é o Bom e verdadeiro Pastor. N’Ele se realizam as promessas que Deus faz através do profeta Jeremias na primeira leitura de hoje.  A primeira parte desta leitura é uma censura violenta contra os falsos pastores, que deixam as ovelhas se dispersarem e não ficarão sem o merecido castigo. Estes pastores maus podem ser tanto as lideranças políticas como os líderes religiosos dos tempos do profeta, da época de Jesus e dos nossos dias.  A segunda parte da leitura é uma promessa messiânica de Deus ao seu povo, de suscitar um verdadeiro pastor, que fará reinar a justiça e a retidão na terra. Ele será chamado “Senhor, nossa justiça”.  Na pessoa de Jesus se cumpre esta profecia. Mas podemos olhar para a realidade do nosso povo hoje, talvez como no tempo de Jesus, andando desorientado, sedento de justiça e faminto de sentido para a vida.  Podemos olhar para as nossas lideranças políticas e religiosas de hoje e nos perguntar o que elas nos oferecem? Quais delas se assemelham a Jesus? Quem manifesta a mesma compaixão? Quem realmente é bom pastor?  Pelos frutos os conhecereis, responde Jesus, falando dos falsos profetas (Mateus 7, 20).

Frei Edilson Rocha, OFM   






DECIMO QUARTO DOMINGO COMUM

08/07/2012


BASTA-TE A MINHA GRAÇA. POIS É NA FRAQUEZA QUE A FORÇA SE MANIFESTA (2COR 12, 9)

            Profetas sempre incomodam, questionam, revelam verdades que não gostaríamos de ver nem ouvir. Por isso, frequentemente eles são considerados como personas non gratas, são perseguidos e, não raro, eliminados por quem se sente incomodado por eles.  Esta é a história de muitos profetas da Bíblia, do próprio Jesus e de muitos que, ao longo da história, enfrentaram a incompreensão, a perseguição e o martírio em consequência de suas palavras e atitudes proféticas.  

            A Palavra de Deus neste domingo nos fala da força e grandeza de Deus, manifestadas na fraqueza e fragilidade humanas.  As pessoas normalmente esperam que Deus se manifeste na força, no poder, em qualidades que o mundo acha brilhantes e que as pessoas admiram e endeusam. O desafio é ver, para além das aparências, que Ele vem ao nosso encontro na fraqueza, na simplicidade, na debilidade, na pobreza, nas situações mais simples e até corriqueiras, nas pessoas mais humildes e aparentemente insignificantes.  É preciso entrar na lógica de Deus para não perdermos as oportunidades de O encontrar, de perceber os seus desafios, de acolher a proposta de vida que Ele nos faz.  Caso contrário, podemos cair na ilusão espiritual e nos deixar enganar pelas aparências, perdendo chances preciosas de acolher a Palavra de Deus e experimentar Suas moções em nossa vida. 

            Um profeta só não é estimado em sua pátria, entre seus parentes e familiares (Mc 6,4), diz Jesus, reagindo ao escândalo de seus conterrâneos diante da sabedoria e dos sinais que Ele revela e realiza. Seus conterrâneos e familiares, que o viram crescer e o conheciam de perto, não entendem como é que Ele conseguiu tanta sabedoria e a capacidade de realizar tantas coisas maravilhosas. Os preconceitos bloqueiam todas as possibilidades de eles acreditarem em Jesus e de O acolherem como verdadeiro profeta de Deus. Rejeitam, assim, a Palavra de Deus anunciada na pessoa de Jesus, tal como os israelitas rebeldes no exílio, afastados de Deus, desprezaram as palavras do profeta Ezequiel (primeira leitura).  O Evangelho nos mostra hoje como é a fé que leva a acolher a Palavra de Deus e como é a fé que faz realizarem-se os milagres e não o contrário.  Muitas pessoas hoje invertem as coisas, exigindo milagres para poderem acreditar.  Por isso fazem tanto sucesso os “shows de milagres” realizados por falsos profetas, charlatães bem sucedidos, que iludem e enganam muita gente com marketing enganoso, apenas manuseando espertamente a Palavra de Deus a serviço de seus próprios interesses.

            A conclusão do Evangelho de hoje nos mostra como Jesus não desiste de realizar sua missão mesmo diante da falta de fé, preconceito, incompreensão e rejeição que encontra em seu próprio povo, entre seus parentes e familiares.  Ele percorria os povoados das redondezas, ensinando.  Paulo, em sua segunda carta aos Coríntios (segunda leitura de hoje), inspira-se certamente em Jesus para resistir às dificuldades enfrentadas em sua missão.  Para ele, as fraquezas, injúrias, necessidades, perseguições e angústias sofridas por amor de Cristo lhe dão uma enorme força e motivação para continuar seu trabalho de anúncio do Evangelho.  O verdadeiro profeta nada faz para sua própria soberba e vaidade, mas enfrenta tudo com a certeza de que Deus nunca o abandonará e lhe dará as graças necessárias para vencer.  È o que nos manifestam os três personagens que a Palavra de Deus nos apresenta neste domingo: o profeta Ezequiel, o Apóstolo Paulo e Jesus Cristo, o verdadeiro Profeta do Pai. 

Frei Edilson Rocha, OF





FESTA DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS – APOSTOLADO DA ORAÇÃO 15 A 22/06/2012




AS DELÍCIAS DE SER DONO DE UM PRECATÓRIO.


Todos sabem, na área jurídica, que o precatório é um título de crédito contra o poder público, oriundo de condenação judicial transitada em julgado.

Apresentado à presidência do Tribunal, o precatório aguarda na fila que seja liberada verba por parte do poder público, para ele ser pago.

Na teoria, bem simples.

Na prática, a coisa se complica, porque o poder público não deposita jamais todo o importe da dívida, que cresce a olhos vistos (São Paulo responde por um calote bilionário, outros estados devem horrores).

Quando chega algum dinheiro, há que se respeitar as preferências legais do idoso, do doente grave.

O titular do precatório comum olha para tudo isso desconsolado.

Há legislação profusa sobre o tema, questionamentos no Supremo Tribunal Federal, protestos da OAB. O CNJ “fez uma batida” nos tribunais e descobriu desvios de verbas, ineficiência, o diabo.

Mas não quero falar desses aspectos cansativos, e sim da faceta amável do precatório.

Como é legal (sem duplo sentido) ter um precatório!

Não chega a ser um animalzinho de estimação, mas é quase. Como esse “bichinho” é quase imortal, pois só se extingue com o pagamento (que nunca chega), o dono se vê obrigado a conviver com ele, e desenvolve uma espécie de afeição.

Como não gostar de alguém com quem se vai conviver por décadas?

Falo por experiência própria: em junho de 1996, fui agraciado com um desses adoráveis precatórios, e de lá para cá cuido dele com esmero e carinho, e até hoje o “bichinho” não morreu: nada me foi pago, e nesses 16 anos, confesso, criei forte vínculo afetivo com ele: leio tudo sobre o tema, consulto semanalmente a lista de pagamentos, e nada: o “totó” continua lá, vivinho da silva.

Enfim, quem não quiser criar um cachorrinho, que acaba morrendo e deixando saudades, adote um precatório.

Ele é de papel, não exige ração, não bebe água, não sai para passear, não late.

Faz companhia (você sempre pensa nele, às vezes com raiva, às vezes com ternura, e isso ajuda o tempo a passar).

Portanto, aí está um aspecto ameno do precatório, que precisa ser enfatizado.

Precatório, I love you!

Francisco A. Fabiano Mendes é Advogado.

Revista Consultor Jurídico, 9 de julho de 2012.

quarta-feira, 18 de julho de 2012





     INAUGURAÇÃO DA NOVA SEDE DA ASSBRAC


A SOLENIDADE DE INAUGURAÇÃO CONTOU COM A PRESENÇA DO ARCEBISPO METROPOLITANO DE BELÉM, DOM ALBERTO TAVEIRA CORREA, QUE DEU A BENÇÃO APOSTÓLICA AOS PRESENTES AO EVENTO E À NOVA SALA DE ADVOGADOS CATÓLICOS E AO ORATÓRIO.

A Associação Brasileira dos Advogados Católicos-ASSBRAC, já está com sua nova sala. O local escolhido conta com muito conforto, um belíssimo oratório e estacionamento particular. Um lugar acolhedor que fica próximo aos fórum Civil , Criminal , Defensoria Pública, Assembléia legislativa do Estado do  Pará, e Promotoria de Justiça além de outros órgãos.

A nova sala foi inaugurada no dia 11 de junho, p.p, funciona de segunda a sexta-feira, sempre de 8h às 12h.

A nova sala está aberta a toda a classe advocatícia, aos bacharelandos e operadores do Direito e aos membros da igreja, como o Arcebispo Metropolitano de Belém, Dom Alberto Taveira Correa salientou em sua benção litúrgica a todos os asbraquianos presentes.


              HISTÓRIA

A Associação Brasileira dos Advogados Católicos- ASSBRAC reconhecida e aprovada pela Igreja Católica é uma entidade laica sem fins econômicos, com o objetivo de evangelizar os 800 mil advogados brasileiros e estudantes dos Cursos de Direito, bacharéis e demais operadores do Direito, o que vem fazendo através da INTERNET. Hoje, fazem parte da associação aproximadamente 80.000 advogados em todo o território nacional. Fundada em 20 de setembro de 2010, em solenidade realizada na sede da OAB-PA, a associação teve sua primeira sede na Rua Veiga Cabral, n° 4, bairro Batista Campos, em sala cedida pelo advogado Maia Bezerra. A ASSBRAC é composta por 32 membros registrados, entre eles o presidente da OAB-PA, Jarbas Vasconcelos e o secretário geral da ordem, Alberto Campos. Seu atual presidente é José Maia Bezerra, a vice-presidente Lucy Gorayeb Mourão, o Diretor Nacional de Educação, Oswaldo Coelho, o Diretor de Pesquisas Edilson Santiago, o Diretor Nacional de Patrimônio, Nauto Justiniano Paiva da Silva,  o Diretor de Publicações José Faciola, o Decano, João Messias Filho, o Diretor Tesoureiro Nacional, Jaime Começanha, o Diretor Nacional de Mídia, Donato Cardoso de Souza, a Diretora de Relações Internacionais, Cynthia Portilho, o Diretor Nacional de Convênios Internacionais, Alex Começanha, o Diretor Nacional de Relações Humanas, Sandro Alex Simões e o Diretor Nacional de Relações Institucionais, PE. Ronaldo de Souza Menezes.




Atualmente a sala da Assbrac funciona no Edifício Barão de Belém (Rua 13 de Maio, 82-10° andar S/1002) em frente às lojas Americanas, e com uma belíssima vista para a baia de Guajará



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A SERVIÇO DA EVANGELIZAÇÃO.

terça-feira, 17 de julho de 2012

ARQUIDIOCESE DO RJ DIVULGA TEXTO SOBRE VIDA DE DOM EUGENIO SALES

Texto é assinado pelo arcebispo do Rio, dom Orani João Tempesta.
Arcebispo emérito do Rio tinha 91 anos e sofreu um infarto em casa.



A Arquidiocese do Rio divulgou nesta terça-feira (10) um comunicado oficial sobre a morte do cardeal dom Eugenio de Araújo Sales, arcebispo emérito do Rio. O religioso morreu às 22h30 de segunda-feira (9), aos 91 anos, após sofrer um infarto em casa.

O texto, assinado pelo arcebispo do Rio, dom Orani João Tempesta, apresenta um histórico sobre a vida e obra de dom Eugenio.
Leia a o texto na íntegra:
"O Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta, cumpre o dever de informar do falecimento de seu antecessor: o Emmo. e Revmo. Senhor Cardeal Dom Eugenio de Araujo Sales, Arcebispo Emérito desta Arquidiocese. O mais antigo cardeal da Santa Igreja morreu serenamente no final da noite de ontem, 9 de julho, celebração de Santa Paulina do Coração Agonizante, na Residência Episcopal de Nossa Senhora da Assunção, no Sumaré. Deixa-nos com os belos números de 91 anos de vida, 69 de sacerdócio, 58 de episcopado e 43 de cardinalato.

Filho do Desembargador Celso Dantas Sales e de Josefa de Araujo Sales, nasceu em Acarí, Rio Grande do Norte, em 8 de outubro de1920, estado onde viveu e cursou os hoje chamados ensinos fundamental e médio. Sentindo-se chamado ao sacerdócio, em 1936 pede ingresso no Seminário Menor de São Pedro, sendo, no ano seguinte enviado para o Seminário Maior da Prainha em Fortaleza, Ceará, onde estudará filosofia e teologia, aí passando 7 anos. Dom Eugenio sempre falou com carinho do Seminário da Prainha; além disso, nunca esqueceu de ter sido “seminarista hóspede”, já que pertencia à Diocese de Natal, como Arcebispo do Rio de Janeiro favoreceu a formação de um grande número de sacerdotes de todo o Brasil.
Ordenado sacerdote em 21 de novembro de 1943, desenvolveu várias atividades pastorais, destacando-se pelo pioneirismo na ação social, valorizando a participação dos leigos que viam nele uma liderança natural. O jovem que queria ser engenheiro agrônomo, nunca se esqueceu o campo e seus problemas, fundou em 1949 o Serviço de Assistência Rural, formando equipes que trabalhavam tanto na área social quanto formação religiosa, buscando a melhoria de integral do homem do campo, cujo progresso incluirá uma melhor compreensão de sua dignidade e dos direitos que daí derivarão. Desse trabalho pastoral surgirão ascomunidades eclesiais de base, fruto também das Escolas Radiofônicas.
Em 1954, Pio XII o nomeia bispo-auxiliar de Natal, sendo ordenado aos 15 de agosto deste ano, solenidade da Assunção de Nossa Senhora, por Dom José de Medeiros Delgado. Feito bispo, sua atividade se multiplica naquilo se costuma denominar Movimento de Natal, um formidável conjunto de iniciativas, em grande parte bem sucedidas, de promoção humana em todas as suas dimensões.
Em 1964 é nomeado Administrador Apostólico da Arquidiocese de Salvador, deixando seu querido Rio Grande do Norte – a vida inteira se reconhecerá nordestino –, 4 anos depois (1968) se tornará Arcebispo-Primaz do Brasil, posição que deixará, caso raro, para assumir esta Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, em 1971, já como Cardeal do Título Presbiteral de São Gregório VII, para o qual fora nomeado por Paulo VI em 1969. A Dom Eugenio custava deixar Salvador, como foi difícil deixar Natal, mas, como dizia, estava sempre pronto para obedecer, e “obedecer com alegria” a voz do Sucessor de Pedro. Aliás, este foi um dos aspectos mais belos de sua personalidade: a fidelidade irrestrita ao Papa. O Cardeal tinha autêntica devoção ao Sumo Pontífice e foi universalmente reconhecido por isso. Amigo pessoal de Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI, sempre ouvimos de sua boca a convicção: seguir o Papa em suas mínimas orientações, pois é o melhor para a Igreja, para a diocese, para cada católico. Nesta defesa nunca temeu ser impopular.
Seu destemor mostrou-se também por ocasião da defesa dos perseguidos políticos. O Cardeal Sales, silenciosamente, como ele mesmo gostava de dizer, protegeu os presos políticos, ajudou-os materialmente e foi a sua voz junto às autoridades de então, e sempre foi ouvido pelo respeito de suas posições claras, não se comprometendo nem com os detentores do poder e nem com a luta armada. Muitos conhecemos histórias, vimos fotos da proteção e asilo dadas a perseguidos não só a nacionais, mas também dos países vizinhos. Socorreu, protegeu pessoas cujas posições ideológicas estavam, por vezes, em nítido contraste com a fé católica; mas, para Dom Eugenio, sua ação não poderia ser diferente, impulsionado pelo cumprimento simples e objetivo da moral católica que diferencia o pecado do pecador.
Muitas ações de Dom Eugenio foram consideradas fundamentais na vida da cidade do Rio de Janeiro, como foi o caso da Favela do Vidigal, cujos moradores não foram removidos graças à sua intervenção através da Pastoral das Favelas; a Pastoral do Menor, ambulatórios e abrigos para carentes, aidéticos… segundo a necessidade se apresentava. Enfim, uma ampla e silenciosa rede de assistência aos mais pobres que foi idealizada, levada a efeito e protegida por Dom Eugenio em seu longo governo de 30 anos em nossa Arquidiocese. Sem hostilizar os ricos, na ação social priorizava os mais pobres, tanto na assistência imediata, quanto na promoção social; não esquecendo de, serenamente, refletir sobre as causas da pobreza, denunciando-as, despidas de ideologias, em programas de rádio e televisão, em artigos em vários jornais que manteve enquanto a saúde lhe permitiu.
A vida do Sacerdote, Bispo e Cardeal Dom Eugenio de Araujo Sales bem pode ser sintetizada pelo lema episcopal que escolheu: Impendam et superimpendar. O texto é tirado de 2Cor 12,15: "Quanto a mim, de bom grado despenderei, e me despenderei todo inteiro, em vosso favor. Será que, dedicando-vos mais amor, serei, por isto, menos amado?" Talvez não tenha sido por todos compreendido, sobretudo por quem dele tem um olhar superficial, mas não será esquecido nesta Arquidiocese e por tantos que sempre o chamarão de pai".

sexta-feira, 13 de julho de 2012

EVANGELHO DE N.S JESUS CRISTO



PALAVRA DA IGREJA

EXPLICAÇÃO CIÉNTIFICA

Mensagem enviada por José Wilson Malheiros
A agonia de Jesus
A agonia de Jesus explicada por um grande estudioso francês, médico Dr. Barbet que reconstitui o sofrimento de Jesus fazendo referencias aos Evangelhos; e o Sudário dá a possibilidade de entender, realmente, as dores de Jesus durante a sua paixão; “Eu sou sobretudo um cirurgião: ensinei por muito tempo. Por anos vivi em companhia de cadáveres; na minha carreira estudei a fundo a anatomia. Posso então escrever sem presunção.
Jesus entrou em agonia no Getsemani e seu suor tornou-se como gotas de sangue a escorrer pela terra. O único evangelista que relata o fato é um médico, Lucas. E o faz com a precisão de um clínico.
O suar sangue, ou “hematidrose”, é um fenômeno raríssimo. É produzido em condições excepcionais: para provocá-lo é necessário uma fraqueza física, acompanhada de um abatimento moral violento causado por uma profunda emoção, por um grande medo.
O terror, o susto, a angústia terrível de sentir-se carregando todos os pecados dos homens devem ter esmagado Jesus. Tal tensão extrema produz o rompimento das finíssimas veias capilares que estão sob as glândulas sudoríparas, o sangue se mistura ao suor e se concentra sobre a pele, e então escorre por todo o corpo até a terra. Conhecemos a farsa do processo preparado pelo Sinédrio hebraico, o envio de Jesus a Pilatos e o desempate entre o procurador romano e Herodes. Pilatos cede, e então ordena a flagelação de Jesus.
Os soldados despojam Jesus e o prendem pelo pulso a uma coluna do pátio. A flagelação se efetua com tiras de couro múltiplas sobre as quais são fixadas bolinhas de chumbo e de pequenos ossos. Os carrascos devem ter sido dois, um de cada lado, e de diferente estatura.
Golpeiam com chibatadas a pele, já alterada por milhões de microscópicas hemorragias do suor de sangue. A pele se dilacera e se rompe; o sangue espirra. A cada golpe Jesus reage em um sobressalto de dor. As forças se esvaem; um suor frio lhe impregna a fronte, a cabeça gira em uma vertigem de náusea, calafrios lhe correm ao longo das costas. Se não estivesse preso no alto pelos pulsos, cairia em uma poça de sangue.
Depois o escárnio da coroação. Com longos espinhos, mais duros que os de acácia, os algozes entrelaçam uma espécie de capacete e o aplicam sobre a cabeça. Os espinhos penetram no couro cabeludo fazendo-o sangrar (os cirurgiões sabem o quanto sangra o couro cabeludo).
Pilatos, depois de ter mostrado aquele homem dilacerado à multidão feroz, o entrega para ser crucificado.
Colocam sobre os ombros de Jesus o grande braço horizontal da Cruz; pesa uns cinqüenta quilos. A estaca vertical já está plantada sobre o Calvário.
Jesus caminha com os pés descalços pelas ruas de terreno irregular, cheia de pedregulhos. Os soldados o puxam com as cordas. O percurso é de cerca de 600 metros. Jesus, fatigado, arrasta um pé após o outro, freqüentemente cai sobre os joelhos. E os ombros de Jesus estão cobertos de chagas.
Quando ele cai por terra, a viga lhe escapa, escorrega, e lhe esfola o dorso. Sobre o Calvário tem início a crucificação. Os carrascos despojam o condenado, mas a sua túnica está colada nas chagas e tirá-la produz dor atroz.
Quem já tirou uma atadura de gaze de uma grande ferida percebe do que se trata. Cada fio de tecido adere à carne viva: ao levarem a túnica, se laceram as terminações nervosas postas em descoberto pelas chagas.
Os carrascos dão um puxão violento. Há um risco de toda aquela dor provocar uma síncope, mas ainda não é o fim. O sangue começa a escorrer.
Jesus é deitado de costas, as suas chagas se incrustam de pó e pedregulhos.
Depositam-no sobre o braço horizontal da cruz. Os algozes tomam as medidas.
Com uma broca, é feito um furo na madeira para facilitar a penetração dos pregos. Os carrascos pegam um prego (um longo prego pontudo e quadrado), apóiam-no sobre o pulso de Jesus, com um golpe certeiro de martelo o plantam e o rebatem sobre a madeira. Jesus deve ter contraído o rosto assustadoramente. O nervo mediano foi lesado.
Pode-se imaginar aquilo que Jesus deve ter provado; uma dor lancinante, agudíssima, que se difundiu pelos dedos, e espalhou-se pelos ombros, atingindo o cérebro. A dor mais insuportável que um homem pode provar, ou seja, aquela produzida pela lesão dos grandes troncos nervosos: provoca uma síncope e faz perder a consciência. Em Jesus não. O nervo é destruído só em parte: a lesão do tronco nervoso permanece em contato com o prego: quando o corpo for suspenso na cruz, o nervo se esticará fortemente como uma corda de violino esticada sobre a cravelha. A cada solavanco, a cada movimento, vibrará despertando dores dilacerantes. Um suplício que durará três horas.
O carrasco e seu ajudante empunham a extremidade da trava; elevam Jesus, colocando-o primeiro sentado e depois em pé; conseqüentemente fazendo-o tombar para trás, o encostam-se à estaca vertical.
Depois rapidamente encaixam o braço horizontal da cruz sobre a estaca vertical. Os ombros da vítima esfregam dolorosamente sobre a madeira áspera.
A ponta cortante da grande coroa de espinhos penetram o crânio.
A cabeça de Jesus inclina-se para frente, uma vez que o diâmetro da coroa o impede de apoiar-se na madeira. Cada vez que o mártir levanta a cabeça, recomeçam pontadas agudas de dor. Pregam-lhe os pés.
Ao meio-dia Jesus tem sede. Não bebeu desde a tarde anterior. Seu corpo é uma máscara de sangue. A boca está semi-aberta e o lábio inferior começa a pender. A garganta, seca, lhe queima, mas ele não pode engolir. Tem sede.
Um soldado lhe estende sobre a ponta de uma vara, uma esponja embebida em bebida ácida, em uso entre os militares. Tudo aquilo é uma tortura atroz. Um estranho fenômeno se produz no corpo de Jesus. Os músculos dos braços se enrijecem em uma contração que vai se acentuando: os deltóides, os bíceps esticados e levantados, os dedos, se curvam. É como acontece a alguém ferido de tétano. A isto que os médicos chamam tetania, quando os sintomas se generalizam: os músculos do abdômen se enrijecem em ondas imóveis, em seguida aqueles entre as costelas, os do pescoço, e os respiratórios. A respiração se faz, pouco a pouco mais curta. O ar entra com um sibilo, mas não consegue mais sair. Jesus respira com o ápice dos pulmões. Tem sede de ar: como um asmático em plena crise, seu rosto pálido pouco a pouco se
torna vermelho, depois se transforma num violeta purpúreo e enfim em cianítico.
Jesus é envolvido pela asfixia. Os pulmões cheios de ar não podem mais se esvaziar. A fronte está impregnada de suor, os olhos saem fora de órbita.
Mas o que acontece? Lentamente com um esforço sobre-humano, Jesus toma um ponto de apoio sobre o prego dos pés. Esforça-se a pequenos golpes, se eleva aliviando a tração dos braços. Os músculos do tórax se distendem.
A respiração torna-se mais ampla e profunda, os pulmões se esvaziam e o rosto recupera a palidez inicial.
Por que este esforço? Porque Jesus quer falar: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”. Logo em seguida o corpo começa afrouxar-se de novo, e a asfixia recomeça. Foram transmitidas sete frases pronunciadas por ele na cruz: cada vez que quer falar, deverá levar-se tendo como apoio o prego dos pés. Inimaginável! Atraídas pelo sangue que ainda escorre e pelo coagulado, enxames de moscas zunem ao redor do seu corpo, mas ele não pode enxotá-las. Pouco depois o céu escurece, o sol se esconde: de repente a temperatura diminui. Logo serão três da tarde, depois de uma tortura que dura três horas.
Todas as suas dores, a sede, as câimbras, a asfixia, o latejar dos nervos medianos, lhe arrancam um lamento: “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes?”. Jesus grita: Tudo está consumado!”. Em seguida num grande brado diz: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”.
E morre...
A morte de Jesus foi redentora, isto significa que Ele nos resgatou, Ele que não era escravo de Satanás, foi até o "mercado de escravos" e nos livrou, nos comprou pagando o preço do resgate, Seu precioso sangue.
Ai dos maus governantes, ai daqueles que exploram o povo de Deus, ai daqueles que fazem sofrer e maltratam os pequeninos.
"Quem escandalizar um destes pequeninos que acreditam em Mim, melhor seria para ele pendurar uma pedra de moinho ao pescoço e ser lançado ao fundo do mar"
(Mateus, 18:6)
Por Sto. Afonso Maria de Ligório.
1. Diz S. Lourenço Justiniano que a morte de Jesus foi a mais amarga e dolorosa dentre todas as mortes dos homens, porque o Redentor morreu na cruz sem o mínimo alívio. Nas pessoas que sofrem, a pena é sempre mitigada por qualquer pensamento ao menos de consolação; mas a dor e a tristeza de Jesus foram inteiramente puras, sem mistura de consolo, como diz o Angélico (III q. 46 a 6).
Por isso S. Bernardo, contemplando Jesus agonizando na cruz, exclama: Meu caro Jesus, contemplando-vos sobre esse madeiro, dos pés até à cabeça não vejo senão dor e tristeza. Ó meu doce Redentor, ó amor de minha alma, por que quisestes derramar todo o vosso sangue, por que sacrificar a vossa vida divina por um verme ingrato como eu? Ó meu Jesus, quando será que eu me ligarei tão estreitamente a vós que não possa mais separar-me e deixar de vos amar?
Ah, Senhor, enquanto vivo neste mundo, estou em perigo de negar-vos o meu amor e perder a vossa amizade, como tenho feito no passado. Ah, meu caríssimo Salvador, se, continuando a viver, terei de passar por esse grande mal, suplico-vos por vossa paixão, dai-me a morte agora que eu espero estar em vossa graça. Eu vos amo e quero amar-vos sempre.
2. Lamentava-se Jesus pela boca do Profeta que, quando agonizava na cruz, procurava quem o consolasse e não o encontrava (Sl 68,21). Os judeus e os romanos, mesmo quando ele estava para expirar, o maldiziam e blasfemavam.
Maria Santíssima, sim, estava aos pés da cruz para dar-lhe algum alívio, se pudesse; mas essa mãe aflita e amorosa, com a dor que suportava pelos sofrimentos de Jesus, mais afligia a esse Filho que tanto a amava. Diz S. Bernardo que os sofrimentos de Maria contribuíram mais para atormentar o coração de Jesus. Quando o Redentor olhava para Maria assim atormentada, sentia sua alma transpassada mais pelas dores da Mãe que pelas suas próprias, como a mesma Santíssima Virgem revelou a S. Brígida: “Ele, vendo-me, mais se doía de mim que de si mesmo”. Do que conclui S. Bernardo: Ó bom Jesus, vós sofreis grandes dores no corpo, mas sofreis ainda mais no coração por compaixão com vossa Mãe.
3. Que sofrimentos, pois, não experimentaram esses corações amorosíssimos de Jesus e Maria, quando chegou o momento em que o Filho, antes de expirar, teve de se despedir de sua Mãe. Eis as últimas palavras com que Jesus se despediu neste mundo de sua Mãe: “Mulher, eis aí teu filho” (Jo 19,26), indicando-lhe João que lhe deixava por filho em seu lugar.
Ó Rainha das dores, as recordações de um filho amado que morre são muito caras e não saem mais da memória de uma mãe. Recordai-vos que vosso Filho, que tanto vos amou, vos deixou a mim, pecador, por filho, na pessoa de João. Pelo amor que tendes a Jesus, tende piedade de mim. Eu não vos peço os bens da terra: vejo vosso Filho que morre em tantos tormentos por mim; vejo-vos a vós, minha Mãe inocente, sofrendo tantas dores por mim e vejo que eu, miserável réu do inferno, nada padeci pelos meus pecados por vosso amor. Quero sofrer alguma coisa por vós antes de morrer. Esta é a graça que vos peço e vos digo com S. Boaventura que, se vos ofendi, é de justiça que eu padeça por castigo, e se eu vos servi, é justo que eu sofra por recompensa.
Impetrai-me, ó Maria, uma grande devoção e uma recordação contínua da paixão de vosso Filho. E por aquele tormento que sofrestes, vendo-o expirar na cruz, obtende-me uma boa morte; assisti-me, minha Rainha, naquele último momento e fazei que eu morra amando e proferindo os santíssimos nomes de Jesus e Maria.
4. Vendo Jesus que não encontrava quem o consolasse neste mundo, levantou os olhos e o coração para seu Pai, para pedir-lhe alívio. Mas o eterno Pai, vendo seu Filho coberto com as vestes de pecador: Não, Filho, disse-lhe, não te posso consolar, já que estás satisfazendo a minha justiça pelos pecados de todos os homens; convém que agora eu te abandone aos teus sofrimentos e te deixe morrer sem conforto. E foi então que o nosso Salvador, elevando a voz, disse: “Deus meu, por que me abandonais”? (Mt 27,46).
Explicando esta passagem, o Beato Dionísio Cartusiano diz que Jesus proferiu essas palavras com grande brado, para fazer todos compreenderem a grande dor e tristeza em que morria. E quis nosso amantíssimo Redentor morrer privado de toda consolação, acrescenta S. Cipriano, para nos demonstrar seu amor e atrair para si todo o nosso amor.
Ah, meu amado Jesus, queixai-vos injustamente, dizendo: Meu Deus, por que me abandonastes? Perguntas por quê? E eu pergunto-vos: por que quisestes vos encarregar de pagar por nós? Não sabíeis que só pelos nossos pecados merecíamos ser abandonados por Deus? Com razão, pois, vos abandonou o vosso Pai e vos deixou morrer num mar de dores e de tristezas.
Ah, meu Redentor, o vosso abandono me aflige e me consola: aflige-me, porque vos vejo morrer com tantos sofrimentos, mas consola-me dando-me confiança de que, pelos vossos merecimentos, não serei abandonado pela misericórdia divina, como eu merecia por vos ter abandonado tantas vezes para seguir os meus caprichos. Fazei-me compreender que, se para vós foi tão cruel o ser privado por breve tempo da presença sensível de Deus, qual seria o meu tormento se tivesse de ficar privado de Deus para todo o sempre.
Por esse vosso abandono, suportado com tanta dor, não me abandoneis, ó meu Jesus, especialmente na hora de minha morte. Nesse momento em que todos me abandonarão, não me abandoneis, vós, meu Salvador. Sede então vós, meu Senhor desolado, o meu conforto nas minhas desolações. Bem sei que se vos amasse sem consolação, contentaria o vosso coração; conheceis, porém, a minha fraqueza, ajudai-me com a vossa graça. infundindo-me então perseverança, paciência e resignação.
5. Aproximando-se Jesus da morte, disse: ”Tenho sede”. Dizei-me, Senhor, de que tendes sede? pergunta Leão de Óstia. Vós não vos queixais dos imensos tormentos que sofrestes na cruze vos lamentais exclusivamente da sede? “Minha sede é a vossa salvação”, lhe faz dizer S. Agostinho (In ps. 33). Ó almas, diz Jesus, esta minha sede não é outra coisa que o desejo que tenho de vossa salvação.
O Redentor amorosíssimo tem um ardente desejo de nossas almas e por isso ardia em se dar todo a nós por meio de sua morte. Foi essa a sua sede, escreve S. Lourenço Justiniano. E S. Basílio de Seleucia diz que Jesus Cristo afirma sentir sede, para dar-nos a entender que, pelo amor que nos tinha, morria com o desejo de padecer por nós mais ainda do que tinha padecido.
Ó Deus amabilíssimo, porque nos amais, desejais que nós suspiremos por vós. “Deus tem sede de que tenhamos sede dele”, diz S. Gregório Nazianzeno (Tetr. Sent. 34). Ah, meu Senhor, tendes sede de mim, vilíssimo verme, e eu não sentirei sede de vós, meu Deus infinito? Pelos merecimentos dessa sede suportada na cruz, dai-me uma grande sede de vos amar e de comprazer-vos em tudo. Prometestes que nos atenderíeis em tudo o que vos pedíssemos: Pedi e recebereis. Eu vos peço este dom de vosso amor.
Eu não o mereço, mas será essa a glória de vosso sangue, fazer vosso grande amigo um coração que durante tanto tempo vos desprezou; fazer todo chamas de caridade um pecador todo cheio de lama e de pecados. Fizestes muito mais do que isto, morrendo por mim. Ó Senhor infinitamente bom, eu desejaria amar-vos tanto quanto vós o mereceis. Regozijo-me do amor que vos têm tantas almas abrasadas e mais ainda do amor que tendes por vós mesmo, ao qual uno o meu, embora fraquíssimo. Amo-vos, ó Deus eterno, amo-vos, ó amabilidade infinita. Fazei que eu cresça cada vez mais no vosso amor, repetindo sem cessar atos de amor e esforçando-se par vos agradar em todas as coisas sem intermitência e sem reserva. Fazei que, apesar de miserável e pequenino como sou, seja pelo menos todo vosso.
6. Nosso Jesus, já estando para expirar, disse com voz moribunda:“Tudo está consumado”.Enquanto profere essa palavra, rememora em sua mente todo o decorrer de sua vida: viu todas as fadigas que experimentara, a pobreza, as dores, as ignomínias suportadas, oferecendo-as todas novamente a seu eterno Pai pela salvação do mundo. Depois, voltando-se para nós, repetiu: “Tudo está consumado”, como se dissesse: Ó homens, tudo está consumado tudo está completo: concluída a vossa redenção, satisfeita a divina justiça, aberto o paraíso. “Eis o teu tempo, e o tempo dos amantes” (Ez 16,8).
É tempo, finalmente, ó homens, de começardes a amar-me. Amai-me, pois, amai-me porque nada mais me resta fazer para ser amado por vós. Vede o que fiz para conquistar o vosso amor: por vós levei uma vida tão cheia de tribulações; no fim de meus dias, antes de morrer, consenti em que me tirassem todo o meu sangue, me escarrassem no rosto, lacerassem as carnes, coroassem de espinhos, chegando até aos horrores da agonia neste lenho, como estais vendo. Que falta ainda? Só falta que eu morra por vós; pois bem: quero morrer: Vem, ó morte, dou-te licença de tirar-me a vida pela salvação de minhas ovelhas.
E vós, ovelhas minhas, amai-me, porque nada mais posso fazer para me fazer amar. Tudo está consumado, diz Tauler, tudo o que a justiça exigia, o que requeria a caridade, tudo o que se podia fazer para patentear o amor (De vita et pass. Salv. c. 49). Pudesse dizer também eu ao morrer, meu amado Jesus: Senhor, realizei tudo, fiz tudo que me impusestes, levei com paciência a minha cruz, tudo vos satisfiz. Ah, meu Deus, se tivesse de morrer agora, morreria descontente, porque não poderia repetir nenhuma dessas coisas de verdade.
Mas hei de viver sempre assim, ingrato ao vosso amor? Dai-me a graça de contentar-vos nos anos que me restam, para que, quando chegar a morte, possa dizer-vos que ao menos desta data em diante executei a vossa vontade. Se vos ofendi pelo passado, a vossa morte é minha esperança. Para o futuro não quero mais atraiçoar-vos, mas é de vós que espero a minha perseverança. Por vossos merecimentos, ó meu Senhor Jesus Cristo, eu volo peço e espero.
7. Eis Jesus expirando na cruz. Contempla-o, minha alma, nas dores da agonia, a exalar o último suspiro. Contempla esses lhos moribundos, a face pálida, o coração que com lânguido movimento apenas palpita, o corpo que já se entrega à morte e esse bela alma que em breve deixará o corpo dilacerado. Já o céu se escurece, treme a terra, abrem-se os sepulcros. Que significam esses terríveis sinais? a morte do Criador do universo.
8. Por último, nosso Redentor, depois de haver recomendado sua bendita alma a seu eterno Pai, tendo primeiramente dado um grande suspiro partido de seu aflito coração, inclina a cabeça em sinal de obediência, oferece sua morte pela salvação dos homens e expira pela violência de dor, entregando seu espírito nas mãos de seu querido Pai. “E clamando com grande brado, Jesus diz: ‘Pai, em vossas mãos encomendo o meu espírito’. E dizendo isto, expirou” (Lc 23,46).
Chega-te, minha alma, aos pés deste santo altar, no qual morreu sacrificado para te salvar o Cordeiro de Deus. Chega-te e pensa que ele morreu pelo amor que te consagrou. Pede quanto desejares ao teu Senhor morto e espera tudo. Ó Salvador do mundo, ó meu Jesus, eis a que estado vos reduziu o amor pelos homens; agradeço-vos o terdes querido perder a vida para que se não perdessem as nossas almas: agradeço-vos por todos, mas particularmente por mim mesmo. Quem mais do que eu se aproveitou do fruto de vossa morte?
Eu, por vossos merecimentos, sem nem sequer o saber, tornei-me filho da S. Igreja pelo batismo: por vosso amor fui tantas vezes perdoado e recebi tantas graças especiais; por vós tenho a esperança de morrer na graça de Deus e de chegar a amar-vos no paraíso. Meu amado Redentor, quanto vos devo! Entrego minha pobre alma às vossas mãos traspassadas. Fazei que eu compreenda bem quão grande foi o amor que levou um Deus a morrer por mim.
Desejaria morrer também por vós, Senhor, mas que compensação pode dar a morte de um escravo perverso à de seu Senhor e Deus? Desejaria ao menos amar-vos quanto estivesse em mim, mas sem o vosso auxílio, ó meu Jesus, eu nada posso. Ajudai-me e pelos merecimentos de vossa morte fazei que eu morra a todos os amores da terra para que eu ame somente a vós, que mereceis todo o meu amor. Eu vos amo, bondade infinita, eu vos amo, meu sumo bem, e vos suplico com S. Francisco: “Morra eu, Senhor, pelo amor de teu amor, que te dignaste morrer pelo amor de meu amor”. Morra eu a tudo, ao menos por gratidão ao grande amor que me mostrastes, dignando-vos morrer por meu amor e para ser amado por mim.
Maria, minha Mãe, intercedei por mim. Amém.